Mesas e camas de menor altura. Portas e armários eletrônicos. Máquina de
lavar roupas com abertura e botões frontais. Essas são algumas medidas simples
que facilitam bastante a vida de portadores de deficiência física que podem ser
encontradas na exposição A Casa Acessível, na Praça de
Eventos do piso inferior do Shopping Center Recife, até 6 de junho. As
inovações tecnológicas são aliadas a detalhes baratos, todos para tornar a vida
dessas pessoas mais confortável e lhes conferir mais autonomia.
Dividida em 8 espaços, incluindo garagem, a Casa de 200m² é estruturada
para mostrar novidades em termos de acessibilidade para surdos, cegos,
cadeirantes e outras pessoas com mobilidade reduzida, como idosos e obesos. A
Casa tem apoio do Instituto Muito Especial e do Ministério da Ciência e
Tecnologia, que buscam chamar a atenção da mídia e do empresariado da viabilidade de
construir espaços acessíveis, tanto residências como quartos de hotéis e
escolas.
O destaque da Casa são os equipamentos mecânicos, eletrônicos e
softwares de computação. Teclados em braile e outros com teclas coloridas e
letras ampliadas, lentes de ampliação e softwares leitores de livros, acoplados
a um scanner, fazem parte do que seria um kit mais caro, visto que são desenvolvidos
especialmente por determinadas empresas e em geral são produzidos sob
encomenda.
Os corredores e a abertura das portas são mais largos (1,5m) e, na sala de estar, não
há mesa de centro, aumentando a área para manobras em cadeiras de rodas. Os
sofás de 46cm de altura não têm braços, facilitando a aproximação e a
transferência do cadeirante. A mesa de jantar é mais baixa e tem quinas
protegidas para evitar ferimentos. Os telefones e a campainha têm luzes para
indicar quando estão tocando.
A pia da cozinha tem ducha móvel, como
uma mangueira, podendo direcionar o jato de água. Um armário pequeno em cima da
mesa tem prateleira com elevador. No armário maior, as gavetas são abertas por
pressão, deslizando suavemente. A despensa conta com uma mão mecânica que ajuda
a alcançar as prateleiras mais altas. Na área de serviço, o varal possui ajuste
automático.
O banheiro tem tapetes antiderrapantes e várias barras de ferro para
apoio, além de ducha com altura ajustável e chuveirinho e uma cadeira
automática para submersão em banheiras. Também há duas campainhas para um
alarme, caso a pessoa caia e precise de ajuda para levantar.
Essas medidas podem ser essenciais para um futuro com mais idosos. Até
2050, o Brasil contará com 65 milhões de idosos, o triplo da população atual
acima dos 60 anos. O Instituto se preocupou em mostrar ao público tanto opções
baratas quanto mais sofisticadas, mas tudo visando sempre o maior conforto dos
usuários, independente da quantia investida. “Têm mercado consumidor para
isso”, afirmou um dos arquitetos do projeto, Renato Leandrini.
Gerli Gomes Alves, 63 anos gostou bastante da Casa. “Se tivesse um
banheiro desses lá em casa, minha mãe não tinha levado uma queda. A gente
precisou fazer uma obra depois”, contou Gerli. “Eles tão pensando em quem muita
gente não pensa”, comemorou o marido Hildeberto Alves, 70 anos. Para o casal,
tudo pode ser adaptado para a atual residência deles, o que eles esperam fazer
daqui a um tempo. “Por enquanto, vamos sonhando”, completou ele.
CURSO – Paralelo à mostra no Shopping, o Instituto Muito Especial está
oferecendo a engenheiros e arquitetos um curso gratuito de “Design inclusivo em
residências” nos meses de maio e junho no Hotel Jangadeiro, em Boa Viagem, Zona
Sul do Recife. A carga horária de 24 horas de aula será distribuída em três
dias, com quatro módulos, e confere certificado.
A expectativa, segundo o presidente do Instituto Marcos Scarpa, é
“formar pessoas que tenham pelo menos uma base de acessibilidade para projetar
espaços”, sejam residências ou áreas públicas. Esse assunto, afirmou ele, não
costuma ser abordado nas faculdades.
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